(essa é mais uma postagem por e-mail. Como alguns sites são bloqueados na China e o Blogger é um deles, só temos essa opção para postar – enviamos um e-mail, mas não temos como abrir o blog aqui...).
Fazer turismo na China não sendo chinês não é fácil. Já estivemos em países com línguas absolutamente incompreensíveis para nós e foi tudo MUITO mais fácil.
Você acaba se virando, mas fica uma impressão de que o pessoal aqui não está nem ai para os turistas de fora.
A falta de empolgação dos chineses com turistas não asiáticos me levou a fazer algo que não resisto – procurar dados. E os dados mostram que o turismo não asiático à China é irrelevante.
A China tem um mercado de 129 milhões de turistas por ano, sendo apenas 26 milhões estrangeiros. Desses, apenas 4 milhões são de países que falam inglês. A soma de visitantes que falam alemão, frânces ou espanhol não passa de 1 milhão.
Um alerta interessante. Tudo na China está crescendo espantosamente, mas O TURISMO NÃO. O país recebeu 26 milhões de turistas estrangeiros em 2013 e havia recebido 27,2 no ano anterior.
61% dos turistas estrangeiros que vem à China são asiáticos. 4 milhões da Coréia do Sul, 2,9 milhões do Japão e 2,2mm da Rússia. Se somarmos países ricos e que falam inglês (EUA, Austrália, Canadá e Reino Unido), são 4 milhões de turistas, apenas. Esse povo viaja para tudo que é lugar, consome muito, e só isso visita a China.
Os aeroportos e estações, de forma geral, são preparados, mas as ruas, mapas, atrações turísticas, restaurantes e táxis não têm a menor condição de receber turistas. Uma solução que quebra o galho em qualquer lugar do mundo é o Google Maps em um celular com GPS, mas aqui não funciona por causa das restrições à Internet... O Waze tem lampejos, funciona de vez em quando.
Quando perguntei a um agente de turismo como foi esse mercado durante as Olimpíadas de 2008, ele disse que foi muito fraco pois não queriam muita gente de fora por aqui. Essa é a impressão que fica.
A atitude do povo é mista. Alguns tentam ajudar e se socializar com os ocidentais, mas ontem mesmo, um motorista de táxi nos botou para fora pois não entendeu o mapa feito pelo hotel – um mapa em chinês, feito para taxistas locais. Sem falar que nosso hotel fica a 500 metros da Cidade Proibida e na rua comercial mais movimentada de Pequim! O tio não entendeu e nos expulsou do carro, aos berros.
Juliana e eu não nos impressionamos muito e nos viramos, mas usamos e recomendamos algumas armas.
Primeiro, não ter constrangimento de negar a adesão à cultura local. Eu vou tentar experimentar todas as culturas locais que eu for, mas não vou me sujeitar a qualquer coisa por isso não! Comida aqui nós já meio que desistimos. Tentamos, tentamos, mas ontem foi Burger King com amor.
Segundo, fique em um hotel de rede ocidental 5 estrelas, e é barato. Estamos em um Marriott colossal, o apartamento tem uns 100 metros quadrados e a diária é coisa de 100 dólares. Tem uma piscina linda, academia, você se sente um pouco em casa. Ajuda muito também ir a um bom mercado e fazer uma compras.
Terceiro, use e abuse do TripAdvisor, pois ali tem a experiência de pessoas ocidentais que fizeram as mesmas coisas.
Quarto, planeje bem o seu dia. Estou acostumado a “ter uma ideia” do que fazer no dia e ir se virando, procurando no caminho o que comer. Aqui não. Melhor sair com um roteiro quase hermético de coisas já pesquisadas, pois as opções palatáveis são poucas e as ferramentas de pesquisa são ruins.
Uma última, que já aconteceu conosco em outras viagens – se não estiver gostando, faça as malas e vá embora, sem constrangimento! Tem custos, tem inconvenientes, mas férias são sagradas. Estamos gostando da China mesmo com esses inconvenientes – e sabendo que nossa passagem aqui é curta. Eu não faria uma viagem de 30 ou 60 dias por aqui, explorando o país todo. Tem muita coisa para ver, muita história, mas eu não gosto de ficar muito tempo em um local que, aparentemente, não sou bem vindo.
A fonte dos dados sobre o turismo é http://www.travelchinaguide.com/tourism/2013statistics/inbound.htm
Praça da Paz Celestial e Cidade Proibida. Na provável maior atração turística da China, tudo em chinês. Estivemos em um Centro de Turismo, local tradicional para pegar mapas, e até lá os mapas não tinham versões em inglês!!!
Fazer umas compras ajuda a conviver com as diferenças.
Se você tentou e não conseguiu, Burger King neles.
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