30-7, 18:40 em Pequim, fazendo as malas para Hong Kong. Voo amanhã ao meio dia, sendo o único voo (até agora) que não faz parte da passagem ROUND THE WORLD que compramos da Star Alliance (ou seja, bilhete bem econômico, apertado, limite estreito de bagagem e vamos que vamos!).
Foram 5 noites em Shanghai e quase uma semana em Pequim. Tem sido ótimo passar bastante tempo nas cidades. Por mais que demoremos a aprender, uma viagem com a duração da nossa exige um ritmo mais equilibrado, mais lento. Foi ótimo inclusive alugar em Pequim um apartamento grande, com máquina de lavar roupa, geladeira, sala e por ai vai. Vamos repetir a dose em Bangkok, cidade também servida por esse mesmo produto da rede Marriott
Deixar a China é um alívio sob vários aspectos. O país tem muito a ser visto, muita história, muito conteúdo, mas como já disse em post anterior, eles não querem o turista do ocidente por aqui. Fala-se pouco inglês, o esforço para ajudar é pequeno ou nulo e as restrições à Internet prejudicam o uso de tecnologia para superar as barreiras de língua. Há exceções. Um ou outro taxista ou garçom que faz algum esforço para ajudar, mas a grande média é de empáfia com o não asiático.
Foi muito bom ver a China com os próprios olhos, é uma verdadeira ebulição. O jornal de ontem dizia com lamúria das regiões que reportarão um 1º semestre de crescimento abaixo de 2 dígitos. Tudo é colossal e cresce de maneira galopante. E, como desigualdade é um tema em moda, aqui é a Terra Prometida das diferenças estratosféricas.
Algo que não imaginamos no Brasil: a China é muito barata em serviços, mas as mercadorias são caras, mesmo sendo feitas aqui. Um tênis Nike, um iPad, uma cueca, um relógio simples ou de luxo, tudo, aqui tudo é muito caro (2 a 5 vezes o preço nos EUA), graças, claro, a impostos. O partidão quer manter os gastos sob controle. O país produz as mercadorias que o planeta todo quer comprar, mas o taxista chinês atravessa a cidade mais cara do país e a corrida dá 15 reais. São hordas de chineses VENDO o consumo, mas sem acesso a ele.
Uma cena que explica páginas e páginas sobre o povo chinês: a caminho da Praça da Paz Celestial, cada travessia de semáforo tem 500 pessoas e, MESMO ASSIM, os carros passam no sinal vermelho. E os pedestres não se incomodam! É um “cada um por si” mais institucional do que o individualismo pernóstico do Brasil.
O país é ateu. Longe de mim querer abrir qualquer discussão religiosa, mas um país desse tamanho sem religião é curioso. Independente da crença, a prática religiosa gera rudimentos de socialização. No Brasil tem gente que tenta sacanear os outros, esnobar e tirar vantagem o tempo todo, mas PELO MENOS domingo de manhã vai à igreja fingir que é simples, educado e bom irmão. Aqui na China, nem isso existe.
Outro ponto em comum na agenda local – e ausente na do brasileiro – é a tensão com uma possível tragédia externa: climática ou geopolítica. Ouvi a recomendação com uma naturalidade quase monótona: “vá de trem para Pequim pois deve chegar um tufão amanhã e fechar tudo”. Ontem ouvi outra, também com extrema frieza. “seu voo é para Hong Kong, então os testes de armação militar ao leste não vão te prejudicar”.
Serão 3 horas de voo até Honk Kong, mas as diferenças entre as regiões são de séculos... Hong Kong e Macau são as chamadas Regiões Administrativas Especiais, uma concessão chinesa que permite que dois territórios do país tenham autonomia, leis próprias e... (argh) CAPITALISMO.
Hong Kong tornou-se domínio inglês após a primeira Guerra do Ópio, em 1842. A Inglaterra foi impedida de vender na China o seu ópio produzido na Índia e atacou os chineses. Vencida a guerra, a concessão de Hong Kong foi uma das indenizações aos vencedores, conforme o Tratado de Nanquim. A região foi do Japão durante a Guerra do Pacífico (etapa da 2ª Grande Guerra) e voltou à China em 1997 com um tratado mútuo de autonomia. O fato é que, enquanto na China de Mao se passava fome, a Hong Kong britânica tinha tantos Rolls Royce quanto Londres. Hoje, Hong Kong tem o quíntuplo do PIB per capita da China e está quase entre os 10 IDH do mundo.
China | Hong Kong | Macau | |
População | 1.336.612.968 | 7.184.000 | 591.000 |
Área (Km2) | 9.596.961 | 1.104 | 28 |
Pib per capita – U$ | 10.253 | 52.687 | 77.353 |
IDH (ranking mundial) | 100º | 13º | 28º |
Dados: Wikipedia
Estou bem curioso para ver isso de perto! Mais detalhes nos próximos dias, em Hong Kong, que será sede também do meu aniversário...
Abaixo fotos da minha “despedida” há pouco, na gigantesca e cinzenta Praça da Paz Celestial.
Um dos poucos coloridos da portentosa Praça da Paz Celestial.
Toda a China na Praça.
Guerra.
Impossível uma foto que mostre o tamanho da Praça (um dos lados tem quase 900m).
A névoa é poluição, com cerca de 36 graus. Dureza.
Cena bacana na saída da rampa de acesso à praça.
Mesmo com 36 graus e umas mil pessoas na frente, não podia deixar de ir me despedir do Mao!
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