Um sonho chamado Singapura

Ao chegar ao aeroporto de Changi (eleito repetidamente o melhor do mundo), passo pela imigração e sou convidado a responder a uma pesquisa sobre o atendimento do policial federal.

Vou ao banheiro e lá está ela, a mesma pesquisa, perguntando como está a limpeza daquele banheiro. A tela mostra a imagem do responsável. Veja.



Essa é a cara de Singapura, o país sonho da meritocracia, da governança e, sim, acredite, do governo que funciona.

A história do país é de arrancar lágrimas de orgulho.

Vamos pular o paleolítico. No começo do Século XIX, os ingleses queriam lambiscar o crescente mercado marítimo dessa região do mundo e mandou um figurão, Sir Stamford Raffles, para fazer de Singapura um entreposto comercial britânico. Em 1826 Singapura entrou para os Estabelecimentos dos Estreitos, ou territórios na Ásia controlados pela Companhia Britânica das Índias Orientais. Raffles é uma celebridade em Singapura e na Inglaterra.

Na Segunda Guerra, os japoneses tomaram e invadiram a Malásia e Singapura de 1942 a 1945, quando a Inglaterra retomou o território. Singapura declarou-se independente da Inglaterra em 1963 e se juntou à Malásia, mas veio então a polêmica e bizarra REJEIÇÃO da Malásia: não quiseram Singapura.

Foi ai que entrou em cena uma das figuras mais incríveis da história da política mundial, Lee Kuan Yew, o então primeiro ministro de Singapura, ainda vivo e ativo aos 90 anos.



De 1966 a 1990, período de governo direto de Lee, a economia cresceu a uma média de 8,5% ao ano.

Singapura era nada. Um país do tamanho da Zona Sul da cidade de São Paulo, sem dinheiro, sem recursos naturais, sem gente... E vejamos no que se tornou.

2% de desemprego.
Renda média anual de U$ 700 mil.
U$ 50 bilhões de superávit com 5 milhões de habitantes (um quarto do que faz a Alemanha com 80 milhões de habitantes).
Quarto maior centro financeiro do mundo.
5o maior porto do mundo.
Maior número de famílias milionárias do mundo.
Melhor lugar do mundo para fazer negócios (aquele ranking do Banco Mundial que o Brasil é sempre antepenúltimo).
3o maior PIB per capita do mundo.
9o IDH do mundo.
O melhor sistema de educação do mundo.

O milagre de Singapura é uma coleção de princípios e cultura, muito bem executados e claros. O país precisava ser o melhor, pois não tinha (e não tem) nada. 

O primeiro trabalho de Lee Kuan Yew foi limpeza. Eliminar a pobreza, a sujeira. Cuspir na rua virou crime passível de multa. Chicletes foram proibidos. Favelas, removidas. Aqui não tem vendedor ambulante. As barracas de comida são classificadas por critérios de limpeza em um ranking ABC. (ver abaixo)



O segundo princípio colocado em prática foi disciplina, exigência, trabalho duro, aprender sempre, estudar muito, uma herança confuciana para Singapura, que hoje tem o melhor sistema educacional do mundo (veja esse vídeo). 


Terceiro princípio - não há corrupção. O governo paga muito bem para ter os melhores - bons servidores públicos ganham U$ 1 milhão ao ano e qualquer vestígio de corrupção é punido exemplarmente. 

Quarto - Respeito à família e à hierarquia. Regras devem ser respeitadas. Filas devem ser seguidas. Tudo que é feito errado, gera multa.

É claro que há muita polêmica e acusações de que há muita mão de ferro e até ares de ditadura, mas os resultados estão aqui. Tem que vir aqui e olhar, admirar, invejar...

Brasil e Singapura devem ser opostos. O Brasil tem tudo, mas seu povo não quer nada pois não faz nada coletivo. Singapura não tem nada, mas consegue tudo pois age de forma ordeira, coletiva e positiva.

Tem que vir e ver. Só vendo!

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